
Voluntários e familiares transportam corpos de vítimas da megaoperação para a Praça São Lucas, no Complexo da Penha - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Voluntários e familiares transportaram cadáveres para a Praça São Lucas, na Vila Cruzeiro, e protestaram contra o governador Cláudio Castro
Após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou mais de 120 mortos na terça-feira 28 moradores se mobilizaram para retirar corpos da região de mata conhecida como Vacaria, na divisa entre os dois conjuntos de favelas. Desde as 21h, um grupo de voluntários e parentes posicionou os cadáveres na Praça São Lucas, conhecida como Praça do Inter, na Vila Cruzeiro.
Um dos voluntários, motoboy de 31 anos, natural do Complexo da Penha, relatou que a iniciativa começaria às 18h de terça, mas que o resgate só teve início três horas depois devido a disparos na região. “Foi um filme de terror. Para onde olhava, as trilhas tinham cinco corpos (cada). O cheiro de gás lacrimogênio ainda deixava a gente incomodado. Tinham também rastros de sangue”, disse.
Os primeiros corpos foram colocados em uma kombi e levados para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, o mais próximo. Segundo o voluntário, o grupo foi abordado por policiais, que disseram que os levariam à delegacia. Com isso, decidiram deixar os demais corpos em frente à Creche do Parque Proletário, na Vila Cruzeiro, e transportar a maior parte em picapes 4×4 na caçamba entre a mata e a praça. Um gol branco também fez uma das viagens.
Voluntários e familiares transportam corpos de vítimas da megaoperação para a Praça São Lucas, no Complexo da Penha – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil“Encontramos um deles com uma granada na mão e outra sem pino, aparentemente. Então deixamos lá (na mata), não sabemos o que fazer. A angústia é grande, uma tristeza. Conhecia muitos de infância, mas mudaram de vida [para o crime] depois”, afirmou.
O motoboy descreveu ainda que “a forma como foram encontrados é de execução: tinha gente amarrada com tiro na testa”.
Na manhã seguinte à megaoperação, moradores exibiram uma faixa em protesto contra o governador Cláudio Castro. Em alguns momentos, a faixa foi estendida ao lado dos corpos e, em outros, ao lado da picape que transportava os cadáveres.

Voluntários e familiares transportam corpos de vítimas da megaoperação para a Praça São Lucas, no Complexo da Penha –
Fonte Agência Brasil
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