Por Wagner Guerra
Em recente entrevista ao advogado Marcelo Freitas Nobre, no canal All TV (Youtube), a ex-prefeita de Natal Micarla de Sousa revelou bastidores curiosos, que permearam sua trajetória política, como também a do seu pai, o ex-senador Carlos Alberto de Sousa (in memoriam).
CHICOTADA
A jornalista natalense iniciou a entrevista recordando detalhes de sua vida em Brasília, quando a família se mudou de Natal, após Carlos Alberto se eleger o senador mais jovem do Brasil. Disse que participou de manifestações a favor da ‘Diretas Já’, onde escapou por pouco de ser chicoteada pela tropa de cavalaria do general Newton Cruz, na Praça dos Três Poderes. Nessa época, lembrou, seu pai era líder do governo Figueiredo, causando forte constrangimento familiar, além de seu irrevogável retorno a Natal.
CARLOS ALBERTO X ALUÍZIO ALVES
Entre 1990 a 1994, Carlos Alberto ficou sem mandato, após ser impugnado devido a um erro observado na ata dos partidos aliados. Conseguiu se eleger deputado federal pelo PFL, no pleito seguinte. Nesse período, Micarla assumiu as empresas da família, a pedido do pai, que enfrentou durante dois anos um câncer (mieloma) em estado terminal. Segundo Micarla, era de suma importância que seu pai ganhasse a reeleição para o Senado Federal, como forma de se energizar e ganhar sobrevida até o surgimento de novo tratamento contra a doença. Perdeu a eleição para o ex-senador Fernando Bezerra, apoiado pelo ex-governador Garibaldi Alves Filho.
Ainda bastante convalescente, Carlos Alberto foi morar em um condomínio em Petrópolis. Coincidentemente, era o mesmo endereço do seu ex-patrão na rádio Cabugi e contumaz adversário político: o ex-ministro Aluízio Alves. Segundo Micarla, foi nesse imóvel, onde os dois selaram a paz. “Por muito tempo eles deixaram de se falar. Se confrontavam todos os dias. Papai xingava Aluízio de bruxo. Aluízio retrucava, chamando meu pai de ingrato. Só que teve um dia em que meu pai me chamou e disse que a partir daquele momento, após 30 anos, a guerra tinha acabado entre as duas famílias. Ficaram amigos, aliás, sempre foram. A política que impedia a aproximação. Quando meu pai morreu, em dezembro de 1998, Aluízio foi o primeiro a chegar ao nosso apartamento”.
CARLOS EDUARDO: “UM MONSTRO”
Após a morte de Carlos Alberto, Micarla assumiu a função de apresentadora-âncora do Jornal do Dia, na TV Ponta Negra. Foi quando seu nome começou a despontar nas pesquisas de opinião em posição privilegiada. Segundo ela, a ex-governadora Wilma de Faria lhe fez o convite para ser vice na chapa de Carlos Eduardo. Ela aceitou e ambos ganharam a eleição.
De acordo com Micarla, já no exercício da gestão, Carlos Eduardo a chamou no gabinete e disse que seria melhor que a jornalista voltasse para a TV, pois não havia espaço para ela em sua administração. Micarla caiu em prantos e procurou Wilma para desabafar. “É chato falar de alguém que não está mais aqui. Mas, Wilma simplesmente olhou pra mim e falou que ambas haviam criado um monstro (Carlos Eduardo). Apesar disso, ela (Wilma) não me ajudou em nada. Fiquei largada”, revelou.
XINGADA POR LULA DE ORDINÁRIA
Decepcionada, Micarla entrou o cargo de vice-prefeita, mas não desistiu da política, pelo contrário. Em 2008, saiu candidata a prefeita pelo PV e venceu a eleição em primeiro turno, com 50,84% dos votos válidos, contra 36,83% de Fátima Bezerra (PT).
Durante a campanha eleitoral, Micarla revela que ficou decepcionada com o ex-presidente Lula, que estava em Natal para ajudar sua adversária, Fátima Bezerra. “Sempre fui eleitora de Lula. Tinha admiração imensa por ele. Mas teve um dia em que ele subiu ao palanque e falou para uma multidão na zona Norte, minha principal base, que não ali não era uma eleição de beleza e que não adiantava votar em uma candidata bonitinha, mas ordinária. Questionou o que minha família tinha feito pelo RN, além da distribuição de cadeira de rodas”, lamentou.
ESCANTEADA POR CANALHAS
Hoje, missionária evangélica, Micarla afirmou que cuidar de gente foi a melhor coisa que fez durante sua gestão na Prefeitura do Natal e ressalta que o pior foi lidar com lado obscuro da política, onde foi ‘escanteada’. “Detestava escutar certas negociações, de saber que pessoas pagam qualquer preço por algo. Quando não fiz o que queriam, escutei que não sabia negociar. Realmente, não sei negociar com canalhas. Foram muitas lágrimas. Esse sofrimento que passei me fez uma pessoa melhor”.
Micarla, que desde março voltou de Joinvile para Natal, onde apresenta programa na 95 FM, encerrou a entrevista dizendo que ora muito de joelho no chão pelo governo Bolsonaro, que, segundo ela, foi constituído por Deus para presidir o Brasil.
Extraído do Blog do FM
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