Zé Sabedoria, Luz Infinda!
Encantou-se ontem, o goiano mais santacruzense que eu conheci. Mas a verdade é que Zé da Luz, por seu imenso raio de extensão, não cabe num gentílico particular. Por quê? Porque não era um Zé qualquer, era um Zé de natureza universal! O poeta José carregou em seu peito, em sua voz, em sua pena, todo o peso do mundo, todas as vicissitudes da humanidade. Com a sua brilhante LUZ, o Zé foi palavra viva, logos e lúmen clareando as veredas mais sombrias, dissipando escuridões, transmutando ignorâncias e convertendo-as em sabedorias. Zé fez florir dos gravetos ressequidos, as mais belas flores do Sertão. José tão útil como um Buriti, frutificava, José tão Alegre, nos alegrava. Buriti Alegre, sua terra natal, hoje estaria muito triste, se bem soubesse da grandeza do filho que gerou. Santa Cruz não lhe foi madrasta, e maternal, chora a dor das duas cidades.
José, o das Maravalhas, é também o das Maravilhas! A erudição não vestia nele o manto da soberba ou da arrogância, ao contrário, com sabedoria o agasalhava, porque sabia que com grande humildade ele ensinava o que aprendia, estando sempre ávido por aprende o que lhe faltava. Tive o privilégio de suas lições, primeiro as da matemática, que ele ministrava sem ter qualquer livro de apoio. Era o giz, o quadro e José e a equação se dava! Depois as lições de Linguística na universidade, no campus em que ele foi aluno, professor e diretor, destacando-se em cada uma destas condições. Novamente José, o quadro, o giz e a lição se consumava em tópicos frasais, nos fonemas, nos lexema e nos dilemas que os seus exemplos sempre ensejavam.
Num de seus aforismos, você escreveu: “É preferível ser o pior entre os bons a ser o melhor entre os maus”. Você foi, José, um dos melhores entre os melhores, daqueles a que Bertolt Brecht chamava de “imprescindíveis”. Excelente marido, bondoso pai, avô apaixonado, filho formidável, irmão solidário e amigo fiel. Deixou marcas na Escola Estadual, no 5° Nure (7ª Direc), nos Campus de Santa Cruz e de Natal. Nos bares celebrou a vida com os amigos e amigas, escreveu poemas, haicais, aforismos, contos e crônicas, e eu como num mantra a lhe cobrar: Zé, você precisa publicar! Publicados estão e muito ainda há por publicar, porque você é fonte perene, luz abundante e infinda, e do que é infindo, há sempre o que reverberar.
Que Santa Cruz honre a tua memória de filho ilustre. Que chore agora a dor sentida da inelutável partida, mas que se alegre pelo filho adotivo que há sempre de recordar. Você dizia e o repito como alento para os seus familiares a quem tanto você amou: Qual aquele, dormindo suave e tranquilamente, quer ser acordado subitamente? Qual aquele, incumbido a combater ao lado dos heróis, deseje o recrutamento no exército dos fracos? Pois, assim é quem ama: lado a lado sonha, Salete, e combate Regina, Isaac e Natalya e partilha Arthur e Lavínia, e vive todo o arrebatamento proporcionado pelo amor”. José, obrigado por tua Luz!
De seu aluno,
Marcos Cavalcanti
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