Estar prefeito é sem dúvidas um dos maiores desafios enfrentados em minha vida até hoje. Todos sabem que este nunca foi um desejo pessoal meu e que eu aceitei esse desafio como forma atender o chamado de uma parte da população que via em minha pessoa a possibilidade de quebrar a hegemonia da política local.
E cá estou há dois anos e meio. E os desafios têm sido os mais variados possíveis, desde a realidade de administrar com escassez de recursos, até ir de encontro às velhas práticas políticas, ainda tão cristalizadas por aqui.
Seguramente não tenho mesmo o tino dos velhos políticos de carreira. A política do “toma lá da cá” não funciona comigo. Me recuso terminantemente a praticar “acordinhos” e joguinhos de bastidores para me auto-beneficiar ou para beneficiar alguém. Comigo é tudo às claras e o bem coletivo está sempre em primeiro lugar.
Seguramente não tenho o comportamento dos políticos tradicionais. Não tenho o perfil assistencialista ou paternalista de quem vive distribuindo produtos e bens por aí para se tornar popular e ser taxado de bom. Não tenho a minha casa cheia de bajuladores, querendo de alguma forma usufruir do bem público. As pessoas que trabalham comigo nos cargos comissionados têm perfis técnicos e cumprem à risca seus expedientes diários, de modo a atender sempre bem as pessoas e a resolverem as questões inerentes às funções que ocupam. São trabalhadores e produzem bem para honrar os salários que recebem (especificados na Lei nº 01/2013).
Às vezes escuto alguém dizendo: “Político “fulano” era um pai pra mim”. E o que é ser um pai para alguém? É sustentar essa pessoa com os cofres públicos, pagando suas contas pessoais e usando a máquina pública para lhes fazer favores? Ou é usar o bem público de forma assistencialista, vinculando ajudas a trocas pelo voto, quando na maioria das vezes o que foi ofertado já era um direito de quem foi ajudado? Sinceramente não quero ser esse tipo de pai. Prefiro “ser um pai” da coletividade, que ofereça direitos e oportunidades de usufruto iguais para todos.
E por isso que às vezes sou taxado de um prefeito que não ajuda ninguém. Tudo porque não vivo distribuindo botijões de gás, nem pagando tarifas de água e luz dos populares, nem distribuindo feiras ou material de construção, nem pagando rodadas de cachaçadas nos bares da cidade, nem abastecendo os veículos dos “parceiros”... Uma coisa é oferecer alguma ajuda às pessoas mais necessitadas; outra é fazer uma política assistencialista, usando a máquina pública para fins eleitoreiros como forma de se perpetuar no poder.
As dezenas de pessoas que me procuraram diariamente na Prefeitura podem atestar o quanto eu me esforço para ajudá-las e para atender a contento às suas necessidades, sem qualquer distinção. Os inúmeros pareceres sociais que são disponibilizados todos os meses comprovam o tanto de pessoas que realmente precisam e que são prontamente atendidas dentro dos parâmetros legais (Lei nº 015/2002). Além disso, há também ajudas pessoais dos meus próprios honorários, disponibilizadas através de patrocínios a atletas, a grupos culturais, a artistas e a associações.
De fato não sou e nunca serei um prefeito assistencialista porque sei e entendo que este não é o papel de um gestor. O papel de um prefeito é trabalhar pela sua cidade e trazer melhorias que beneficiem a vida de todos igualmente, com políticas públicas eficientes e universalizantes. E isso, graças a Deus, eu venho fazendo. Com todas as limitações enfrentadas, mas tenho feito.
Julgamentos e comparações sempre vão existir, mas tenho a minha consciência tranquila de que estou fazendo a coisa certa dentro dos preceitos legais da administração pública. As taxações são apenas rótulos e o tempo certamente trará as respostas necessárias.
Por Oton Mário (prefeito de Jaçanã-RN).
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