quarta-feira, 2 de setembro de 2020

O LOBO GUARÁ JÁ ESTÁ POR AÍ: BANCO CENTRAL APRESENTA CÉDULA DE R$ 200, COM IMAGEM DO LOBO-GUARÁ.

Raphael Ribeiro/BCBO
Banco Central lançou nesta quarta-feira (2), a nova nota de R$ 200, que tem a imagem do lobo-guará. Serão impressas neste ano 450 milhões de unidades da nota de R$ 200, o que representará um montante de R$ 90 bilhões.
Escolhido para estampar as novas cédulas de R$ 200, o lobo-guará ficou em terceiro lugar em pesquisa realizada pelo BC em 2001 para definir os animais com ameaça de extinção que poderiam fazer parte de cédulas. A tartaruga marinha ficou em primeiro lugar e passou a estampar a nota de R$ 2, lançada em 2001. O mico-leão-dourado ficou em segundo lugar na votação e foi impresso na cédula de R$ 20 em 2002.
O mesmo tamanho da cédula de R$ 20

A diretora de Administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros, explicou que a nova cédula de R$ 200 tem o mesmo tamanho da cédula de R$ 20 (142 mm x 65 mm). Até então, todas as cédula da 2ª família do real tinham tamanhos crescentes conforme o valor nominal.

“Não havia tempo hábil para a adaptação do parque fabril da Casa da Moeda para fabricar uma cédula maior que a de R$ 100. Por ser uma alta denominação de valor, escolhemos uma série de elementos de segurança robustos, incluindo o número que muda de cor, que já é usado na cédula de R$ 20”, explicou. 

As cores predominantes são cinza e sépia. Entre os elementos de segurança, também há a marca d’água com a imagem do lobo-guará e do valor da nota, quando posicionada contra a luz. A exemplo de outras cédulas, há também um quebra-cabeça que pode ser visto através da nota. Também há textura em alto relevo e chamado fio de segurança.


Maior demanda por papel moeda

De acordo com o BC, a impressão das notas de R$ 200 busca atender uma maior demanda por papel moeda, surgida entre a população durante a pandemia de coronavírus.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o lançamento da cédula é uma resposta do BC às mudanças provocadas por pandemia de covid-19.

“Um dos desafios foi o aumento expressivo da demanda das famílias por dinheiro desde o começo da pandemia. Outras nações viveram fenômenos semelhantes. Em momentos de incerteza é natural a busca de uma garantia de uma reserva em dinheiro. Os programas de transferência de renda - com a extensão do auxílio emergencial - também contribuem por essa maior demanda por dinheiro em espécie”, afirmou.

Segundo Campos Neto, o retorno de cédulas às agencias bancárias também ficou menor durante a pandemia. “O BC tem conseguido fornecer cédulas e moedas para atender sociedade de maneira adequada. Ainda assim, não é possível prever se essa demanda por dinheiro continuara aumentando, e por quanto tempo. Por isso, este momento se mostrou oportuno para lançamento de cédula de maior valor”, completou.

A diretora de Administração doBC, Carolina de Assis Barros, disse que as projeções do BC indicavam que numerário disponível poderia não atender demanda da população durante a pandemia. “O BC percebeu que estávamos diante de algo inédito desde a criação do real, em 1994. Em épocas de incerteza, dinheiro significa segurança e famílias e empresas fizeram saques para acumular reservas”, afirmou. “Precisávamos agir preventivamente e com responsabilidade. Vivemos em um país heterogêneo, mas o dinheiro em espécie ainda é a base das transações no Brasil”.

Ela revelou que o BC chegou a cogitar a importação de cédulas e moedas, mas não havia capacidade disponível de produção no mercado internacional. “Os cálculos do BC, em uma análise conservadora, estimaram necessidade de R$ 105,9 bilhões em cinco meses, além do programado para o ano. Para gerar maior volume em menos tempo, imprimir cédula de R$ 100 não seria factível, pois a capacidade da casa Moeda já estava inteiramente contratada para 2020”, acrescentou. 


Aumento da inflação

A diretora de Administração do Banco Central enfatizou que a criação da nova cédula de R$ 200 não tem relação com a perda de valor da moeda ou com a inflação, mas sim com a alta na demanda por papel moeda. “Estamos em um País com inflação baixa e estável”, frisou.

Segundo Carolina, o custo de produção da nova nota é de R$ 325 por milhão de cédulas. Para comparação, a cédula de R$ 100 custa R$ 280 a cada milhão de notas produzidas. “Entendemos que os custos estão equilibrados. Trabalhamos com insumos nacionais e importados, cujos preços estão sujeitos a variação”, completou.

Carolina ressaltou ainda que as cédulas de maior valor já são aquelas em maior volume em circulação no País. Segundo ela, 21% das cédulas no mercado hoje são de R$ 100 e outros 32% se referem às de R$ 50. As de R$ 20 respondem por 12%, as de R$ 10 por 9% e as de R$ 2 por 18%.

Segundo a diretora, as novas cédulas já se encontram em capitais onde BC tem representação. Além disso, o Banco do Brasil deve ajudar a levar as novas notas para as cidades do interior.

Tentativa de barrar o lançamento

Os partidos PSB, Podemos e Rede Sustentabilidade foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar o lançamento com o argumento de que seria inconstitucional. Para as legendas, o lançamento da nota tem “grave vício de motivação” e pode facilitar a “atuação da criminalidade”.

“O Banco Central não apresentou nenhum estudo ou documento estruturado que trouxesse de forma aprofundada as razões e implicações da medida”, defendem os partidos. “O único arquivo disponibilizado para embasar a decisão foi uma singela apresentação de slides utilizada antes de entrevista coletiva concedida pela Diretora de Administração da autarquia”.

Os dados do BC mostram que, de fato, houve uma elevação do dinheiro em circulação durante a pandemia. No fim de fevereiro – antes do acirramento da crise provocada pela covid-19 – a base monetária somava R$ 303,197 bilhões. Em 14 de agosto, ela já estava em R$ 419,258 bilhões.

O anúncio também foi criticado por alguns setores de Brasília. A visão é de que uma nota com maior valor vai facilitar a corrupção e a lavagem de dinheiro. “A própria apresentação gráfica do Banco Central aponta a ressalva de que a União Europeia está fazendo o caminho inverso, tirando de circulação sua cédula de maior valor de face, de € 500 (quinhentos euros), que não é mais emitida desde 27.04.2019”, argumentam os partidos na arguição de descumprimento de preceito fundamental.

Fonte Agência Brasil 

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