domingo, 19 de junho de 2022

GOVERNOS DE ESQUERDA GANHAM ESPAÇO NA AMÉRICA DO SUL. GUSTAVO PETRO VENCE ELEIÇÕES E SE TORNA PRIMEIRO PRESIDENTE DE ESQUERDA ELEITO NA COLOMBIA.

Em São Paulo, dois dias antes das eleições na Colômbia, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu votos para o candidato de esquerda colombiano, Gustavo Petro, solicitando que a plateia repetisse em coro suas frases.

Petro foi para o segundo turno das eleições presidenciais colombianas em primeiro lugar, com 40% dos votos, seguido pelo empresário populista Rodolfo Hernandez, com 27% dos votos.

Nunca antes na história a Colômbia teve um presidente esquerdista. Segundo especialistas, isso não acontecia por dois motivos: o assassinato de alguns candidatos por paramilitares e a imagem ruim que esse campo político tinha na população, sempre associada a grupos guerrilheiros. Desta vez, os eleitores parecem mudar de opinião, já que Petro é um ex-membro de um movimento de guerrilha.

A esquerda já conseguiu avançar em vários países sul-americanos nas últimas eleições. Em 2019 Alberto Fernández venceu Mauricio Macri, eleito presidente da Argentina no 1º turno.

No Peru, o professor rural Pedro Castillo venceu a candidata Keiko Fujimôri, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, em junho no ano passado numa eleição acirrada.

Em dezembro, no Chile, o deputado e ex-líder estudantil Gabriel Boric venceu o advogado José Antonio Kast. Todos esses países eram governados pela direita.

Mas esse professor de Relações Internacionais acredita que o sucesso da esquerda não tem a ver necessariamente com ideologia política.

“O eleitor médio não costuma votar com base em ideologia, o eleitor costuma buscar respostas concretas para os problemas que eles estão passando. Eu acho que a questão da pandemia, da inflação, todos esses elementos estão levando o eleitor médio a buscar um conforto material, algum tipo de questão de melhoria das suas questões sociais. E aí quando os temas sociais entram na frente, candidatos de esquerda estão mais aptos a capturar esse discurso, porque esse é um discurso típico da esquerda, da esquerda latino-americana”, explica Carlos Gustavo Poggio, professor de Relações Internacionais da FAAP.

Uma vez no poder, a realidade é outra. Na Argentina, Alberto Fernández enfrenta protestos por causa de uma crise econômica que parece interminável. O motivo: uma inflação de 60% nos últimos 12 meses, somada a uma das maiores taxas de juros do mundo.

No Chile, recentes manifestações também relacionadas à piora da economia. A inflação é a maior dos últimos 13 anos e previsão de baixo crescimento do PIB.

Ainda assim, existe uma possibilidade da formação de um bloco de esquerda na América do Sul?

“Eu acho que nesse sentido as eleições brasileiras são cruciais, mas eu não vejo mais neste espaço ‘hiperideologizado’ de polarização política, espaço para algum tipo de grupamento de bloco baseado em alguma questões ideológicas. Vamos lembrar que a situação hoje é bem diferente do que a de alguns anos atrás. Hoje em dia os países que estão com problemas domésticos profundos tendem mais a olhar muito mais detidamente para suas questões domésticas do que internacionais”, conclui Poggio.

Fonte CNN BRASIL 

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