Manifestantes se reúnem em ao menos 60 cidades do país neste sábado 2 em atos contra o governo Jair Bolsonaro. Em Natal, a concentração do ato começou às 15h, em frente ao shopping Midway Mall, na Zona Sul. Já em Parnamirim, na Grande Natal, o ato aconteceu pela manhã. Convocados por partidos de esquerda, centrais sindicais e grupos da sociedade civil, os protestos visam não só a defesa do impeachment do presidente, mas também criticar o desemprego e o avanço da inflação, além de problemas em outras áreas, como meio ambiente e saúde.
Essa já é a 6ª mobilização nacional contra o governo Bolsonaro. Além de Natal e Parnamirim, o “Fora Bolsonaro” aconteceu pelo Rio Grande do Norte em cidades como Mossoró, Acari, Macaíba, Currais Novos e Baraúna.
Na capital, parlamentares participaram do ato, a exemplo das vereadoras de Natal Brisa Bracchi e Divaneide Basílio – ambas do Partido dos Trabalhadores (PT). “Estamos entrando em uma nova fase da luta pelo Fora Bolsonaro. Diversos setores que antes o apoiavam, agora sentem na pele os efeitos de seu governo: aumento no preço da gasolina, do gás e da comida. Aqui em Natal o ato foi lindo. Os protestos de hoje são um grito de indignação de quem não aguenta mais a carestia e o descaso com as medidas que podem nos tirar dessa pandemia”, declarou Brisa.
A vereadora Divaneide afirmou que o “protesto tem muita gente”, o que, segundo ela, “demonstra uma grande mobilização popular, uma diversidade grande. Nós, do PT, viemos bastante organizados. Juntamos nossa militância porque nós acreditamos que partido forte é aquele que ocupa as ruas. E não poderíamos deixar a população submissa a essa carestia, ao negacionismo, ao sub-emprego, ao desgoverno. Por isso, estamos mais uma vez nas ruas para afirmar o ‘fora Bolsonaro'”, pontuou, revelando que tem de indígenas a jovens na mobilização.
O deputado estadual Coronel Azevedo (PSC), aliado do presidente Bolsonaro, falou que o Brasil realizou [no 7 de setembro] a “maior manifestação popular da história” em “defesa de um presidente da República”, e que governo se caracteriza pela “seriedade”, “honestidade” e muito “trabalho”. Azevedo questiona o ato contra Bolsonaro: “Agora teremos um ato da oposição. Poderá ser uma manifestação atípica, inovadora”.
O governo do presidente Bolsonaro é desaprovado por 70% dos potiguares, segundo a pesquisa do Instituto Seta, divulgada no Blog do BG, na última quarta-feira. Por outro lado, 24% dos consultados aprovam a forma como o Palácio do Planalto, em Brasília, é conduzido pelo atual gestor. Os 6% restantes não souberam ou não opinaram.
O levantamento eleitoral revela, ainda, que o ex-presidente Lula (PT) lidera a corrida pela Presidência com 39,2% das intenções de voto dos potiguares, no cenário espontâneo – aquele em que o entrevistado diz por conta própria o nome que vem à sua cabeça. O presidente Bolsonaro aparece com 22%, seguido de Ciro Gomes (PDT), com 6,9%. Indecisos somaram 20,5% e brancos e nulos, 8,1%.
Para a realização da pesquisa em parceria com o Blog do BG, o Instituto Seta entrevistou 1.500 eleitores de todas as regiões do Rio Grande do Norte, entre os dias 25 e 27 de setembro. Os resultados foram calculados com intervalo de confiança de 95% e com margem de erro de 2,9% para mais ou para menos.
Protestos pelo Brasil
O dia de protestos começou pelo Rio de Janeiro, onde os manifestantes se reuniram nos arredores da Candelária, no Centro. A maioria usava máscaras de proeção contra coronavírus. Houve também atos em cidades como Salvador, João Pessoa, Fortaleza, Goiânia, Teresina, São Luís e em municípios do interior do país.
O protesto, que se iniciou por volta de 10h no Rio, contou com a participação de partidos políticos de esquerda, como PT, PDT, PSB, PSOL, PCdoB, PSTU, PCO e UP, além de dezenas de movimentos sindicais e populares, que se organizam ao redor de um carro de som.
– O Bolsonaro está acabando com o Brasil. Sou a favor da universidade pública e contra a reforma administrativa. São tantas como razões de estar aqui que a gente nem sabe por onde começar: roubalheira, privatizacões, publicação alta. O povo não aguenta mais – disse a idosa.
Apos caminhada até a Cinelândia e carregando bandeiras e cartazes de diferentes pautas, os manifestantes pararam em frente a Câmara dos Vereadores e ao Teatro Municipal, entoando gritos de “Fora Bolsonaro” e “Fora genocida”.
De um lado do protesto, militantes do PDT balançavam bandeiras e estendiam cartazes com o rosto do pré-candidato à presidência Ciro Gomes. Do outro, manifestantes com as core do PT, junto à maioria dos movimentos sociais, vestiam camisas com o rosto do ex-presidente Lula.
Apesar das divergências, não houve conflitos e os grupos se derrotados vezes. Para a pedagoga Claudia Paiva, no momento, os dois lados devem se unir, uma vez que defender a mesma causa.
– Hoje, finalmente, estamos conseguindo ver uma ampla unidade de partidos de esquerda no mesmo ato. Parece que só assim a classe política vai entender que a maioria da população não aguenta mais esse louco na presidência – defender a moradora do Andaraí.
Num palanque montado na Cinelândia, ao lado de um boneco gigante de Lula, uma deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) discursou para a multidão e elogiou o uso de máscaras entre os participantes.
– Bolsonaro não respeita a democracia e a Constituição. Ele não quer eleição porque sabe que será derrotado, isso se não sofrer o impeachment antes. Esse é o momento de formarmos uma frente ampla. Sobre candidaturas, nós conversamos só no ano que vem. Precisamos juntar todas as janela do Brasil contra o fascismo – disse a parlamentar.
Representando o PDT, Ciro Gomes reiterou que as diferenças sejam deixadas de lado e reclamou da postura da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), por não dar prosseguimento aos pedidos de impeachment protocolados no Legislativo.
– O processo de impeachment exige que o presidente da República tenha cometido, de caso pensado, um crime de responsabilidade. E Bolsonaro é um criminoso repetido que atenta contra uma democracia. Com toda a humildade, precisamos ter clareza de que, nós, da escolha no Congresso, somos apenas 120. Precisamos de unidade para chegar aos 305 votos recomendados.
A concentração para o ato na capital paulista começou um pouco depois das 13h em frente ao prédio do Museu de Arte de São Paulo (Masp), cartão-postal da cidade. A expectativa dos organizadores é ocupar a Avenida Paulista com dez carros de som.
Os ex-candidatos à presidência da República Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) devem discursar a partir do meio da tarde, segundo os organizadores do evento.
Além dos ex-presidenciáveis, políticos de outras legendas como Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), José Nelto (Podemos-GO), e Junior Bozzella (PSL-SP) também devem participar do ato.
– Desta vez, conseguimos agregar para a campanha Fora Bolsonaro outros movimentos, como o Diretos Já !, e também outros partidos. Essa presença mais plural após os atos de 7 de setembro excluir a existência de um consenso de que todos estamos juntos em uma frente ampla contra Bolsonaro – afirmou Bruna Brelaz, presidente da União Nacional dos Estudantes, uma das entidades organizadoras do ato.
No Ceará, os manifestantes se reuniram no centro da capital, Fortaleza. Com faixas e bandeiras, eles caminharam pelas ruas da cidade e protestaram contra as condições que fazer que a fome aumentasse e pediram a geração de empregos e políticas de moradia. Eles também protestaram contra a reforma administrativa, em tramitação no Câmara dos Deputados, e contra as privatizações promovidas pela gestão atual.
Há registros de atos em Minas Gerais, em cidades como Montes Claros. No Rio Grande do Sul, manifestaram-se foram às ruas em Pelotas e Cruz Alta.
Em Belém, os manifestantes se reuniram no Mercado de São Brás, às 8h.
Em Goiânia, a manifestação começou por volta das 9h, na Praça do Trabalhador, no centro da cidade. Com as faixas e cartazes, o movimento pede o impeachment do presidente, mais vacinas contra a Covid-19 e atuação do governo federal contra o governo.
*Com informações do O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário