O mês de Outubro que pinta o calendário de rosa, cor símbolo da campanha de combate ao câncer de mama, chegou com dados desanimadores para o Rio Grande do Norte. Segundo dados estimados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) para 2022, o estado tem a maior taxa bruta de incidência da doença região na Nordeste, com 61,85 casos para cada 100 mil mulheres, seguido pelo Ceará (53,35), Paraíba (52,93) e Pernambuco (47,86).
A nível nacional, o câncer de mama é também o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste, quando desconsiderados os tumores de pele e não melanoma. O sinal de alerta começa a soar mais alto quanto mais as mulheres se aproximam dos 50 anos de idade.
Para além das estatísticas, são números que representam vidas e personagens reais. Como a jornalista natalense Zhamara Mettuza Damasceno, que aos 46 anos, sofreu o impacto do diagnóstico de câncer de mama. Foi em 2021, quando depois de alguns anos sem se submeter à mamografia, voltou a fazer o exame e recebeu o resultado depois confirmado com uma.
Zhamara Mettuza Damasceno, de 46 anos
A jornalista conta que já tinha se submetido a mamografias, desde que entrou na faixa etária dos 40 anos, mas confessou que com a pandemia acabou relaxando no controle anual, que é justamente o que a campanha “Outubro Rosa”alerta as mulheres a não fazer, pois o diagnóstico precoce é a principal arma de combate contra o câncer de mama.
O médico mastologista Moises Schots confirma a evasão de pacientes provocada pela pandemia, algumas até que precisavam realizar o tratamento precoce do câncer de mama. Segundo ele, com o medo que se instalou durante a crise sanitária, elas deixaram de realizar o tratamento e tiveram os processos de cura prejudicados. Ele ressalta a importância de realizar os exames periódicos das mamas, com destaque para a mamografia, que deve ser iniciado no público geral a partir dos 40 anos e de forma anual.
Em 2020, ponto alto da pandemia da Covid-19, o INCA aponta que o número de mamografias realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) caiu 41%, passando do total de 2.527.833 para 1.473.277, considerando os números de todos os estados do País.
Dentre tantos fatores, para Zhamara, um ponto decisivo para estimular as mulheres a realizar a mamografia é o maior acesso à informação. Isso porque, segundo a jornalista, ter acesso aos meios de diagnóstico e tratamento passa mais tranquilidade às mulheres. Ela destaca, ainda, como o apoio da família e dos amigos auxiliam no enfrentamento à doença, dado os reflexos desse processo na saúde emocional da mulher.
“O impacto é muito grande quando médico fala que você vai precisar retirar a mama toda, até pela falta de informação. No meu caso me veio a imagem da mulher sem o seio e com apenas uma cicatriz no lugar. Fiquei apavorada e foi muito difícil, mas olhando hoje em retrospectiva foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, porque reduziu a chance de uma recidiva”, relembra Zhamara.
A importância de informação, assistência, acolhimento, diagnóstico precoce e tratamento adequado às mulheres diagnosticadas com câncer de mama é ratificada pelo oncologista Moises Schots. Neste conjunto de cuidados, insere-se a atenção à saúde mental e preservação da autoestima da mulher, que também pode ser conquistada com cirurgias de reconstrução mamária, asseguradas por lei.
Hoje como uma mulher mastectomizada, a jornalista afirma passar por alguns desafios ligados ao tratamento, mas reconhece que os rumos poderiam ter sido mais difíceis com um diagnóstico ainda mais tardio. Ela enfatiza que, acima de tudo, as mulheres devem buscar informações e tentar não se apavorar diante de um possível diagnóstico de câncer de mama. “A princípio o problema parece muito maior do que realmente é. Tem um impacto muito grande, mas depois você percebe que está entrando em um túnel que tem saída”, finaliza.
Fonte Tribuna do Norte
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